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Sua majestade, o consumidor… interno

Por Wilson Barros

Informar e integrar de forma eficaz funcionários localizados em diferentes plantas e escritórios é um dos grandes desafios da área de comunicação interna de empresas. Se em um país de extensões continentais – como nos 8.516.000 km² do Brasil – a complexidade do processo de comunicar é proporcional ao número de operações espalhadas pelo território nacional, essa tarefa se torna ainda mais desafiadora quando a companhia decide atravessar as fronteiras de seu país de origem.

Em se tratando de comunicação, quando a empresa expande seus horizontes internacionais, geralmente as atenções se voltam majoritariamente para os consumidores (Quais são os hábitos e costumes que devem ser levados em conta? Como e em que idioma devemos nos comunicar com eles? Quais são as qualidades que nosso idioma confere a produtos em mercados estrangeiros). Porém, existe outro público igualmente importante que, em momentos como esse, nem sempre é tratado como estratégico: os próprios colaboradores.

Como já foi discutido nesse blog, uma comunicação interna bem planejada, com ferramentas e linguagem adequadas, pode fazer a diferença na hora de motivar e engajar o público interno. Em casos de internacionalização, embora o “meio” também possa variar (jornal mural, newsletter, vídeos, intranet etc), o “conteúdo” e a “forma” crescem em importância. Em empresas cuja língua oficial falada no país de suas sedes é o inglês, por exemplo, a comunicação interna global tende a ser feita neste idioma, independentemente de onde elas passem a atuar. Mas, na prática, o funcionário é como qualquer consumidor e prefere – sente-se mais confortável – ler materiais disponíveis em seu próprio idioma.

Certa vez, desenvolvi trabalho para uma grande multinacional norte-americana, que contava com mais de dois mil funcionários espalhados por diversos países da América Latina. A empresa mantinha um site interno específico para os colaboradores da região, com notícias ligadas aos objetivos e conquistas da companhia, informativos de Recursos Humanos etc. Embora os idiomas nativos dos empregados fossem o português (no Brasil) e o espanhol (nos demais países), todo o conteúdo da página era apresentado em inglês. Por um longo período, os números de acesso haviam estagnado – ou apresentavam crescimento pouco expressivo –, mesmo com frequentes novidades na linha editorial do site, como a cobertura de eventos corporativos e inserção de vídeos. Após algumas tentativas, a equipe de comunicação interna aceitou a sugestão da agência de serem oferecidos conteúdos em três idiomas (além do inglês, as matérias também estariam disponíveis em português e espanhol). Três meses mais tarde, o resultado confirmou que a estratégia estava correta: o aumento no volume de acesso ao site foi superior a 150%, considerando a mesma média de posts.

Um dos principais aprendizados é que a produção do conteúdo – ou eventuais traduções – deve seguir o mais alto nível de excelência, sendo feita por profissional nativo nos idiomas escolhidos, para que não sejam utilizados termos em desuso, incomuns ou estereotipados. Além disso, para garantir uma comunicação eficaz com colaboradores durante processo de internacionalização, três perguntas prévias podem ajudar a dar o pontapé inicial: em que países ou região estarão meus funcionários? Qual é o idioma que eles falam em casa? Quantos deles ocuparão posições “globais” e qual o número dos que desempenharão papeis “operacionais”?

Experiências como essa mostram que, por mais que boa parte dos colaboradores de uma multinacional seja “fluente” em inglês, não se pode ignorar a força do idioma nativo também na relação com o público interno – afinal, ele é um dos mais importantes pilares da comunicação entre as pessoas.

* Wilson Barros é Assessor de Imprensa na Race Comunicação.

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